22/11/2010

quebra-cabeças 4

barra
berra
birra
borra
burra

08/11/2010

brincar: verbo intransitivo

certo dia perguntei a minha filha de que ela havia brincado na escola. parou, me olhou como se eu houvesse perguntado a maior asneira do mundo e me respondeu:
-eu brinquei de brincar, ué!
ela tinha quase quatro anos nessa época. e criança pequena brinca assim mesmo, de se esparramar pelo mundo, sem fronteiras e sem encrencas. quando têm por volta de cinco anos, começam a planejar as brincadeiras, brincar de bombeiro, de motorista de ônibus, de restaurante. as brincadeiras têm um planejar e uma montagem até mais importantes que o próprio brincar. planejar e montar a brincadeira é o barato. só que antes de descobrirem esta nova faceta das possibilidades de brincadeiras, elas passam um tempo meio pasmadas, entediadas, sem saber o que fazer. até que algum coleguinha a chama para planejar a brincadeira. só que algumas escolas interpretam esta pasmaceira como uma precoce maturidade escolar e enfiam o coitadinho na sala d aula para aprender a escrever e contar. quado na verdade deveriam se preocupar com a mudança da regência verbal do verbo brincar. por volta dos cinco anos ele passa de intransitivo para transitivo indireto.
-vamos brincar de quê?

05/10/2010

bichos de estimação

inventei de colocar quirera para atrair os pássaros aqui de casa. e o problema foi que atraí muitos por que moramos na mata. os jacus vieram e detonaram minhas violetas que estavam perto do prato de quirera. fiquei chateado por não poder ter pássaros soltos por perto (os jacus são muito grandes e desajeitados. peguei birra por causa das flores).

foi então que percebi que os meus bichos de estimação, a quem dedico tempo e carinho, são as minhocas do meu jardim, que alimento sempre na composteira e que me devolvem uma terra ótima.

anônimas minhocas, ainda bem. já pensou pet shop de minhoca? ainda bem que estou livre dessa.

obrigado, minhocas.

quebra-cabeças 3

ama
ema
ímã
omã
uma

quebra-cabeças 2

lado
ledo
lido
lodo
ludo

quebra-cabeças

aprendi em um livro do lewis carrol a parte que não se pode adaptar para o cinema de sua obra: quebra-cabeças literários.
que tal mudar uma letra a cada linha, achando palavras que existam na língua:

mala
mela
mila
mola
mula

sim
sem
nem
neo
não

neste segundo, mais complicado, o objetivo é encontrar duas palavras opostas, com o mesmo número de letras e trocar uma letra a cada linha.

03/10/2010

cupom fiscal

estava eu ensinando as maravilhas da civilização mesopotâmica, como as primeiras formas de escrita, as leis escritas, o trabalho todo com o barro cozido em forma de tijolo que possibilitou a construção dos zigurates (como a famosa torre de babel), as histórias de gilgamesh e enkidu com a minha clase de quinto ano waldorf.

fizemos um belo estudo da escrita cuneiforme, inclusive com as tabuinhas de barro e as cunhas.

mas qual foi minha grande dificuldade para lhes contar qual era o conteúdo de todas aquelas letras e números. enrolei-me, falando da transações comerciais, de controle de estoque de grãos, trocas e comércio. tudo para falar que 90 por cento das tabuinhas têm informações sobre trocas comerciais. são registros comerciais.

e então, o aluno salvador da pátria, poder de síntese novo em folha, sagacidade total:

-as tabuinhas de escrita cuneiforme são, tipo, uns cupons fiscais?

23/02/2010

a incrível cabeça humana

em uma época em que estudamos o corpo humano, falei de nossa cabeça, de como ela era dura por fora e mole por dentro, ao contrário de nossos membros. falei que ela tinha janelas para o mundo, por onde recebemos informações sonoras, auditivas, visuais, gustativas, por onde respiramos e falamos e mais uma porção de coisas.

os alunos se entusiasmaram e fizeram perguntas pertinentes mas duas foram intrigantes.

-professor, como enxergamos ao dormir se estamos com os olhos fechados?

-por que imaginamos melhor quando estamos com os olhos fechados?

professor de assobio

puxa vida, quanto tempo faz que eu não escrevo nada! que vergonha.

aconteceu que eu estava assobiando no pátio do colégio e uma criança, com seus sete anos, chegou bem perto de mim, sentou-se ao meu lado e ficou ouvindo meu assobio. terminando, perguntei se ele sabia assobiar e se os colegas, que estavam ali por perto, também sabiam. alguns assobiaram, orguhosos da façanha, alguns tentaram e não conseguiram, e outros, os ressabiados, nem tentaram. quando a coisa já ia perdendo a graça, a menina me pergunta:
-sabe quem me ensinou a assobiar?
- não, quem?
- outro dia eu estava na minha casa e apareceu uma lagarta. eu fui assoprar para ela sair dali e o assobio saiu.
e os ressabiados ficaram ainda mais intrigados com o mistério do assobio.