Ele brincava com seus cinco anos no quintal quando percebeu uma folha se mexendo no gramado. Ficou intrigado, parou o que estava fazendo e chegou mais perto. Era uma formiga cortadeira, vermelha, que carregava nas costas uma folha muito maior que seu tamanho. É do pingo de ouro que cresce ao lado, margeando o muro do vizinho, olhou. Mais perto ainda, quase encostando o rosto na grama, ele se compadeceu do esforço sobrenatural que o pequeno inseto fazia. Assoprou, imaginando um veleiro que deslizaria pelo tapete de grama verde. A folha se soltou da formiga, que mudou seu caminho, voltando para pegar outra folha. M. ainda tentou colocar a folha nas costas da formiga mas ela relutou, como que fazendo birra e não pegou a folha. M. se levantou e tristonhou:
-Eu fui tentar ajudar ela e acabei desajudando...
E voltou a brincar com seus cinco anos.
Um comentário:
Daniel,
Seu texto continua delicioso de ler e seu olhar sobre as pequenas coisas extremamente sensível.
Adorei as histórias!
Ah, vc estudou no Eduardo Prado, em Moema? Meu irmão estudou lá no colegial, rs.
Abração,
Adriano
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